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Mostrando postagens de 2022

Boletim de Ocorrências #54

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Acordei com sede. Muita sede. A boca seca, a garganta seca, a laringe, o esôfago, tudo seco. Os olhos secos. Desci para pegar um copo d’água, voltei para o quarto e, pela primeira vez dei uma olhada em volta, para ver o lugar onde dormi esta noite. A primeira noite das férias. É que ontem chegamos tarde e cansados, o pessoal aqui já estava dormindo, e fomos direto pra cama, sem ascender as luzes nem conversar muito. Dormi em um mezanino, no que seria o sótão da casa. Um lugar sem nada de especial para comentar. É um espaço com alguns livros, caixas de jogos, o colchão onde estou agora e objetos que não encontraram outro lugar na casa. Uma dessas peças que é sempre bom ter em casa, que deve servir de depósito, quarto de visita e espaço de trabalho. Ah sim, tem uma coisa neste lugar. Duas cortininhas, que escondem alguma coisa, por trás delas. Uma, serve de porta para uma estante, suponho. Vou dar uma olhada. Sim, a cortina cobre uma estante de livros, arquivos e outros objetos

Boletim de Ocorrências #53

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Então, estou de férias. E como é que eu comecei as férias? Cheio de energia , feliz e saltitante? Não. Com dor de garganta, cansado e com a pálpebra inflamada. Mas não é isso que vai me impedir de relaxar e aproveitar. De qualquer forma, não é disso que eu quero falar hoje. Na verdade, não sei do que quero falar hoje. Dei uma olhada em volta, pra ver se alguma coisa me inspira um pensamento aleatório, mas está tudo parado aqui em casa. Como quando a gente faz uma pausa em um filme e a imagem fica congelada. Também não sei o que eu estava esperando. Que tipo de movimento? Uma porta de armário que se fecha sozinha, o varal portátil que começa a rodopiar pela sala, o lustre que balança sem razão? Não sei. Mas essa imagem dos objetos que ganham vida, me fez pensar em contos de fadas e histórias infantis. Acho que é na Bela e a fera que o bule, a taça, o candelabro, o relógio de pêndulo e outros objetos se humanizam e viram personagens. Também tem Alice no país das maravilhas, c

Boletim de Ocorrências #52

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Contando os dias para as férias. Contando os dias, não. Contando as horas. Assim que chegar em casa, estou de férias. Incrível como o mundo empresarial me faz esperar ansiosamente por uns poucos dias de folga. Outro dia também, eu tinha dois dias livres, dois dias de trabalho e mais dois dias de folga. Decidi pedir dois dias de férias, no lugar dos dois de trabalho e senti uma felicidade imensa ao me dar conta que ficaria seis dias sem trabalhar. Não é que eu não goste do meu trabalho . Até gosto. O que acontece é que a perspectiva de fazer isso por muitos e muitos anos me desespera. Mas fazer o quê? Tem que pagar as contas, né? Daí, fico pensando... toda a trabalheira que foi a vida até aqui. Decidir sair da minha cidade, estudar teatro, ser um artista, perseguir meus sonhos, etc. e tal, para no fim, na última hora, na metade do segundo tempo, abandonar tudo e pegar um trabalho qualquer pra pagar as contas? Mas, então, não teria sido melhor fazer isso desde o começo? Fazer u