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Mostrando postagens de maio, 2022

Boletim de Ocorrências #51

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Parece que o último círculo do inferno é um lugar frio. Foi a imagem que ficou na minha memória, depois de ter ouvido há um ano e pouco um podcast com a Paula Vermeersch sobre o Inferno da Divina Comédia, de Dante. Hoje, assisti a um vídeo também com ela sobre o mesmo tema e outros detalhes do inferno chamaram minha atenção. E isso me deu vontade de vir aqui. Quando comecei a escrever o blog, fui procurar nas minhas fotos aquelas que poderiam ilustrar os boletins. Criar um arquivo de imagens e de ideias. Em um e-mail antigo, encontrei esta foto aqui e me veio imediatamente essa frase. Parece que o último círculo do inferno é um lugar frio. Na hora, não lembrava de onde era a fotografia, ou como ela tinha vindo parar no meu e-mail. Mas não foi difícil descobrir que fazia parte de uma série de imagens que minha prima tinha enviado há alguns anos, para mostrar a neve em Gramado. E lá, ficam os traidores. Enterrados no gelo. Lá. No último círculo do inferno. Pelo que entendi, par

Boletim de ocorrências #50

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Semana passada, escrevi um texto onde eu falava dos cães e gatos da minha infância. Eu disse que eles ficavam no pátio. Hoje, relendo esse texto, me perguntei: por que eu disse pátio, ao invés de jardim? Mas assim que pensei na palavra jardim, já percebi que a ideia era incompatível com o texto. Incompatível comigo, na verdade. Sim, era um pátio. Mas também era um jardim. Era o jardim de casa. Era grande, tinha flores, tinha árvores, tinha arbustos, folhagens. Mas a simples ideia de escrever jardim me pareceu deslocada, como se um jardim fosse algo muito chique para a vida que a gente levava na minha infância. Como se jardim fosse na casa dos ricos. A gente tinha pátio. Achei muito estranha esta autocensura com uma palavra que, no fundo, é uma palavra simples. Jardim não faz parte de um português culto, de uma norma de vocabulário mais rebuscado. Mas mesmo assim, não cabia no meu texto . Não cabia no nosso pátio . Daí lembrei dos livros do Edouard Louis, que eu li no início do

Boletim de ocorrências #49

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Estou atrasado. Hoje, sinto que vai ser um dia bagunçado. Estou atrasado com tudo. Atrasado com a faxina da casa, atrasado aqui com o blog, com o sono atrasado. Tudo. E atrapalhado também. Acordei mais cedo do que precisava e já grudei nas redes sociais, antes mesmo de sair da cama. Levantei porque lembrei que esta manhã, queria escrever este boletim, organizar a casa, fazer uma faxina. Nessa ordem. Já sa í do quarto carregando o tapete, pra sacudir a poeira e adiantar um pouco as coisas. Um tapete leva ao outro, e acabei sacudindo todos os tapetes da casa. Recolhi a roupa. Olhei para pia, para a bagunça da cozinha e me deu um desânimo. Lembrei do blog, peguei o computador e vim para o escritório. Chega de escrever jogado no sofá! Estou ficando corcunda, já. Recolhi a bagunça do escritório. Digo, amontoei a bagunça do escritório num canto e passei um paninho pra tirar a poeira acumulada. Molhei as plantinhas do mezanino e, enfim, sentei e comecei a escrever aqui. Agora sim