Boletim de ocorrências #58
Pensando no que escrever esta semana, me perguntei se escreveria sobre herança. É algo que vou abordar em breve. Mais tarde. Daí que, olhando pela janela do banheiro da casa da minha adolescência, vi uma casinha de madeira no terreno do vizinho. Uma casinha para crianças, com escorregador e esse tipo de coisas. Essa casinha fica no exato lugar onde o vizinho tinha um leão. Naquele espaço, havia uma espécie de iglu de pedra, onde o leão podia entrar, e uma calçada cercada, onde ele passava os dias. Não sei se já falei desse leão aqui, mas um dia eu falo. Sobretudo da morte do leão. Agora falei na morte do leão e pensei que poderia ter dito a agonia do leão, pois ele agonizou um dia inteiro antes de morrer. Foi um dia tenso, aqui em casa. Acompanhamos esse sofrimento minuto por minuto. Voluntariamente, mas poderia ter sido involuntariamente, pois a única maneira de não ouvir o leão seria passar o dia longe de casa. E falando em agonia do leão, pensei no meu pai. Não apenas porque e