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Mostrando postagens de maio, 2023

Boletim de ocorrências #75

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Daí que, hoje, tinha pensado em falar sobre decisões difíceis. Enfim, não exatamente decisões difíceis, mas mudanças. Fases de mudança. Aqueles momentos em que você pode fazer algo que vai talvez mudar o curso do resto da sua vida. São momentos em que a gente pode provocar mudanças ou se submeter a elas. Mas daí, só de escrever isso, de mudar o curso do resto da sua vida, já senti um peso. O peso da responsabilidade. Claro que se eu pensar que uma escolha vai mudar o resto da minha vida, essa escolha se torna muito difícil. No meu caso, praticamente impossível. Se escolher uma camiseta já é duro, imagina decidir algo que vai ter um impacto por anos! Bom... talvez seja preciso relativizar um pouco. Mesmo pequenas coisas têm consequências a longo prazo e a gente toma milhares de pequenas decisões, o dia inteiro. Ainda bem, nem sempre é tão difícil assim. Até eu consigo! Então, sim, talvez relativizar seja uma boa ideia. Considerar uma decisão difícil, como apenas mais uma decisão e

Boletim de ocorrências #74 : Enciclopédia, parte 3 [T-Z]

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Uma semana tensa, mentalmente carregada e cansativa. A última coisa em que tenho cabeça para pensar é a continuação do que escrevi no boletim #73 . Mas, quem sabe... quem sabe a continuação vai vir diretamente do inconsciente para a página vazia. Vamos l á!   T, de tradução. Começou devagarinho, meio que por acaso, sem intenção precisa, como muita coisa na minha vida. Traduzi um artigo, para substituir um amigo que não tinha tempo de continuar o job. Fui gostando, fui ficando. Colocar em palavras daqui o que alguém pensou e escreveu lá (e vice-versa), me deixa satisfeito. Sem querer, mas sem lutar, fui parando aos poucos. Mas continuo gostando. Olhando para trás, tenho a impressão de que a tradução é uma onda que vai e vem suavemente na minha praia, enquanto a maré baixa. U, de uva-passa. Sim, pode. Com moderação. V, de vaga-lume. O vaga-lume se tornou um ser mítico. Unicórnio, sereia, dragão, vaga-lume. Na minha infância, eles eram enormes, multicoloridos e chegavam docement

Boletim de ocorrências #73 : Enciclopédia, parte 2 [K-S]

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Pensando no que escrevi no outro dia , muitas outras palavras vieram. Daria até pra fazer um boletim com cada letra. Mas não. Segue o baile!   K, de Ká. O primeiro namorado. Que demorei muitos anos para compreender e perdoar. L, de Lago Negro. Durante a infância, minha pracinha particular. Conheci todos os cantos e recantos. Com neve, hortênsias, azaléas, pedalinhos, loja de chocolate e bar. Caí de bicicleta naquela água turva. Mais tarde, fui fotógrafo de turistas. Também fiz picnic, acrobacia, tomei sorvete. E agora, penso no perfume dos eucaliptos, enquanto eu caminhava ali com minha mãe. M, de marica. Perto do lago, também ficava o jardim de infância, onde ouvi pela primeira vez essa palavra, sem saber o que significava. Primeira de muitas. N, de novo irmão. O Marcus nasceu no mesmo dia que eu, no meu aniversário de 18 anos, mas eu só o conheci 24 anos depois. Ele apareceu na época em que meu pai ficou doente e a presença dele deixou as coisas mais leves naquele ano. Me

Boletim de ocorrências #72 : Enciclopédia, parte 1 [A-J]

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Um abecedário. Um dicionário. Um glossário. Um manual. De tantos outros possíveis . A, de André. Meu nome. Nome de choro, chorinho, André do sapato novo . Nome de origem greco-latina, andros , homem, e todas as qualidades que o homem carrega: viril, forte, corajoso, guerreiro. O contrário de mim. B, de bixa. Na infância e na adolescência, coisa feia, que não se pode ser. Mais tarde, forma como nos chamamos entre amigos desta mesma geração que precisou se apropriar dos xingamentos para sobreviver . Bee... bixa, olha isso! C, de comer. Obsessão. Mais do que comer: mastigar e engolir. Em momentos de angústia, comer parece preencher o tempo e o espaço. Preencher, até não deixar lugar para pensar em outra coisa. Não funciona. Mas sem angústia, comer é bom. D, de dentista. Um trauma, desde pequeno. Já adulto, fui expulso de um consultório no meio da consulta porque não deixava o dentista chegar perto. Uma broca barulhenta, no interior da sua cabeça, causando dor, só pode ser