Boletim de ocorrências #78

Daí que hoje o amadorismo voltou com tudo.

Isso, porque eu tinha pensado em um assunto legal, pra não precisar falar daquele tema que ia deixar as pessoas achando que estou deprimido. Já basta me considerarem reacionário. Só que eu não anotei e, óbvio, esqueci. Foi exatamente como em todas as outras vezes que isso aconteceu. Pensei assim: “não, isso eu não vou esquecer, nem precisa anotar”. Daí cheguei em casa, fui escrever e adivinha? Pois é.

Então fiquei aqui, tentando refazer o percurso do dia pra lembrar do tal assunto. Será que foi enquanto eu estava na academia? No supermercado? Não sei.

Na aula de pilates, o professor fez uma piadinha sobre a gente relaxar fazendo um carinho na bola de pilates, mas com cuidado pra não se apaixonar por ela, pois ele não queria ver ninguém sair chorando da aula. Surreal. Mas não era isso.

Depois, fui fazer outros exercícios, naqueles aparelhos de academia, e me pergunto se foi ali que tive minha ideia genial. Mas não vejo absolutamente nada de extraordinário que tenha acontecido para me inspirar.

Ah, lembrei! Foi antes da aula de pilates, no vestiário.

Putz.

Não tem nada de genial no assunto. Nem vale a pena falar.

Agora, isso tudo me fez pensar em uma coisa que vale a pena falar: as palavras aparelho e máquina. É que em francês a gente usa máquina, quando usaria aparelho em português e usa aparelho quando usaria máquina. Pelo menos essa era minha teoria. Digo “era” no passado, porque assim que comecei a escrever esse parágrafo, já me vieram uns três contraexemplos que derrubaram anos de reflexão. Ou eles são apenas as exceções que confirmam a regra. Assim: máquina fotográfica é appareil photo, já os aparelhos de musculação da academia, são les machines. Viu? Eu tinha razão!

Bem, minha teoria termina aqui. Esses são os únicos dois exemplos que eu consegui juntar em dezoito anos na França. Para quem não tinha entendido por que eu não terminei o doutorado, depois de me inscrever durante cinco anos consecutivos, essa teoria sobre máquina/aparelho pode dar uma pista.

Tudo isso, toda essa enrolação, porque minha ideia genial era, digamos... decepcionante. E, claro, para não falar sobre o famoso assunto deprimente.

A ideia decepcionante, era que eu estava pensando no fato de que, com a idade, as mulheres começam a se tornar loiras, por várias razões. Porque o loiro faz menos contraste com os cabelos brancos, precisa retocar menos, talvez deixe as expressões do rosto mais leves do que cabelo escuro, pressão social, enfim... mas por que os homens não pintariam o cabelo de loiro também, conforme vão envelhecendo? Sim, a sociedade diz que homens grisalhos são charmosos. Mas eu decidi que eu vou pintar meu cabelo de loiro, quando os brancos tomarem conta.

Só que daí eu vi um senhor no vestiário da academia, que pintou o cabelo de loiro. Há anos vejo ele de cabelo branco e de repente, de um dia pro outro, chegou loiro.

Então, eu decidi que não vou mais pintar o cabelo de loiro, quando os brancos tomarem conta.

Era isso.

Caetano estacionou o carro, não sei quem tomou água e André M. decidiu não pintar mais o cabelo de loiro.

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